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Você sabia que o melanoma também pode afetar as membranas dos olhos? Conheça os tipos e os sinais desta neoplasia

01/06/2023

Centro de Oncologia do Paraná

Muita gente não sabe, mas o melanoma, tipo de câncer que acomete a pele, pode se desenvolver a partir de estruturas que não estão diretamente relacionadas à exposição solar, principal fator de risco para a doença. Um exemplo são algumas membranas internas dos olhos.

Inclusive, o melanoma ocular é a forma mais comum de câncer nos olhos de adultos. Apesar de ser um tipo de tumor pouco frequente, possui grande morbidade, graças ao elevado potencial de perda da visão e metástases para outros órgãos.

No conteúdo de hoje, que contou com a participação do cirurgião oncológico com foco no tratamento do câncer de pele, Dr. William Casteleins, trouxemos mais informações a respeito. Confira e fique por dentro.

Por que o melanoma ocular também pode ser chamado de melanoma uveal?

As células tumorais crescem na úvea, camada de tecido que se encontra abaixo da parte branca dos olhos. Essa região contém os melanócitos, células produtoras de melanina, responsável por conferir a cor da pele e olhos. Por este motivo, o melanoma ocular também pode ser chamado de melanoma uveal.

A úvea possui algumas partes anatômicas distintas, sendo que o câncer pode ocorrer em qualquer uma delas, classificando-se de acordo com o nome dessa estrutura. São elas:

– melanoma na íris, que é a parte colorida dos olhos;

– melanoma no corpo ciliar, estrutura que produz um fluído com a função de acomodar a lente para ajustar o foco da nossa visão. Portanto quando acomete o corpo ciliar, um sintoma bem característico é o embaçamento da vista;

– melanoma de coroide, local que contém os vasos sanguíneos responsáveis por nutrir os olhos;

– melanoma da conjuntiva, membrana mucosa, fina e transparente, que recobre a parte branca do olho (esclera) e também as pálpebras, internamente. Neste local, os melanomas são raros.

Para quais sintomas é preciso estar atento?

Assim como os diversos tipos de neoplasias, em suas fases iniciais o melanoma ocular é totalmente assintomático. No entanto, conforma avança, os principais sinais são:

– visão embaçada ou mesmo a perda progressiva da visão;

– flashes de luz ou a presença de manchas e rabiscos flutuando no campo visual;

– perda de parte do campo visual, mas não da visão completa, em um dos olhos;

– perceber no espelho a presença de uma mancha escura na íris ou na conjuntiva;

– alterações no tamanho ou forma da pupila;

– mudança na posição do globo ocular dentro da cavidade orbitária, como por exemplo, o olho mais saliente ou para fora;

– mudança na forma como o olho se move dentro da órbita.

Como é feito o diagnóstico?

Por serem incomuns, não existem testes de rastreamento do melanoma ocular. Por isso, é recomendada a visita regular ao oftalmologista, que pode suspeitar da doença, por meio dos exames de rotina, como a fundoscopia.

Entre os exames complementares para o diagnóstico estão o ultrassom, tomografia computadorizada, tomografia de coerência óptica, angiografia de fluoresceína, ressonância magnética do crânio e da órbita e a documentação seriada com imagens fotográficas.

Quase todos os casos podem ser diagnosticados com precisão por estes exames, sendo que raramente há necessidade de uma biópsia, antes de se iniciar o tratamento.

Quais são os tipos de tratamentos para o melanoma uveal?

A escolha do tratamento pelos médicos depende do tamanho do melanoma em relação às demais estruturas do globo ocular, além do estágio de desenvolvimento da doença.

Na maioria dos casos, o tumor está confinado no olho no momento do diagnóstico, mas em cerca de metade dos pacientes ele irá recidivar em algum momento após o tratamento.

No caso da lesão primária, o protocolo depende de onde se iniciou a neoplasia. Quando são melanomas da coroide, é possível tentar a preservação do globo ocular, com radioterapia e laserterapia. Porém, a enucleação (remoção do globo ocular) também é uma opção a ser considerada.

Em tese, a radioterapia e a cirurgia parecem ser igualmente eficazes, com a vantagem que a radioterapia preserva o globo ocular em si, que é importante para a estética facial, além de potencialmente preservar a visão no olho afetado, mesmo que uma parte dela.

Os melanomas da íris também podem ser tratados com cirurgia ou radioterapia, sendo que a cirurgia nestes casos procura remover apenas a quantidade de tecido doente. Casos mais avançados precisam também de enucleação.

Nos casos de melanoma do corpo ciliar, pode ser utilizada a radioterapia e cirurgias conservadoras para tumores pequenos, restando a enucleação para lesões maiores e mais graves.

O mesmo serve para os melanomas da conjuntiva, sendo que nestes, por serem mais propensos à disseminação metastática, a atenção é maior para o estadiamento sistêmico e a realização de terapias adjuvantes modernas.

Já quando ocorre recidiva intraocular, a melhor opção é a enucleação. Quando ela se dá fora do olho, ou seja, nos casos de metástases (geralmente no fígado, mas também podem acontecer no sistema nervoso central, pulmões e ossos), deve-se avaliar a possibilidade de tratar os órgãos acometidos por meio de cirurgia, radioterapia e imunoterapia.

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