O mês de junho ganhou a cor preta para conscientizar sobre o melanoma, tipo mais agressivo e letal do câncer de pele. Apesar de representar apenas 3% dos casos das neoplasias de pele no Brasil, é fundamental estar atento à ocorrência da doença, já que se diagnosticada em seus estágios iniciais possui altas taxas de cura.
No post anterior dedicado ao Junho Preto, falamos sobre o que é o melanoma, os fatores de risco de risco e os sintomas. Para darmos continuidade ao assunto, conversamos com o cirurgião oncológico, Dr. Eurico Cleto Ribeiro de Campos, um dos autores do livro “Oncologia Cutânea”, que trata os principais tipos da doença, sobre como é feito o diagnóstico, os tratamentos e as inovações. Confira!
- Quais são os principais tipos de melanoma?
O melanoma apresenta quatro tipos principais. São eles:
– Extensivo superficial, o mais comum, que se desenvolve inicialmente nas células mais superficiais da pele, podendo se espalhar para regiões mais profundas;
– Nodular, subtipo mais agressivo de melanoma e o segundo mais comum, representando até 15% dos casos. Mesmo em estágios iniciais, tem maior tendência a crescer verticalmente e se disseminar para outros órgãos;
– Lentigo maligno, considerado uma lesão não-invasiva, ou in situ, que acomete, na grande maioria dos casos, a face e outras regiões cronicamente expostas ao Sol. Geralmente, este tipo de lesão surge em pessoas acima dos 60 anos de idade;
– Lentiginoso acral, um tipo mais raro, que surge independentemente da cor da pele ou do histórico de exposição ao Sol. Os asiáticos respondem por 30% a 50% dos casos e os afrodescendentes por 70% do total.
- Como é feito o diagnóstico e o estadiamento da doença?
O diagnóstico é feito por meio dos sinais e sintomas presentes na pele, como dor, coceira, sangramento e ulceração. Após a análise morfológica da lesão, a dermatoscopia, exame capaz de ampliar a lesão em até 10 vezes, avalia de forma mais profunda a dimensão, cor e estruturas da lesão.
Documentada a suspeita clínica de melanoma, o médico especializado programa a biópsia para o diagnóstico histológico definitivo. Mediante o diagnóstico histológico e baseado em alguns fatores prognósticos, o especialista pode solicitar raio x de pulmão, exames de sangue, cintilografia óssea, tomografia, ressonância e/ou PET CT, de modo a obter o estadiamento adequado da lesão.
- Quais as formas de tratamento?
A principal forma de tratamento é a cirurgia. Nos casos de doença avançada localmente ou à distância, é aplicada a imunoterapia. Essa, quando empregada no tratamento do melanoma, estimula o sistema imune do paciente a reconhecer e eliminar as células tumorais. Além disso, a radioterapia pode vir a ser aplicada em casos selecionados.
- Existem inovações para o tratamento deste tipo de tumor?
As inovações são cirúrgicas e clínicas. No campo cirúrgico há, por exemplo, a Cirurgia de Mohs, que retira os tumores, principalmente os faciais, sem margem de segurança, pois avalia a pele no ato da cirurgia. O resultado são cicatrizes menores. Há também a aplicação da técnica do linfonodo sentinela, a qual permite, de forma mais acurada e com menor morbidade, a avaliação da cadeia de drenagem linfática da lesão principal.
Outro aspecto é que técnicas minimamente invasivas permitiram a redução da morbidade no tratamento cirúrgico dos linfonodos. No entanto, grandes avanços também vieram do melhor conhecimento da biologia tumoral, permitindo o melhor tratamento sistêmico do paciente, otimizando as taxas de sobrevida e redução da recorrência local.
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