Quando se fala em leucemia, é comum que as pessoas fiquem temerosas por a considerarem um tipo de câncer agressivo. Entretanto, isso nem sempre é verdadeiro, já que essa neoplasia, a qual afeta os glóbulos brancos do sangue, é dividida em diferentes subtipos. Entre eles está a leucemia mieloide crônica (LMC), que difere dos outros tipos pela sua evolução lenta, entre outros fatores.
Muitos pacientes vivem normalmente mesmo com a presença da LMC. Vale frisar que isso pode ocorrer desde que se faça o acompanhamento médico e os tratamentos adequados. Para desmistificar o assunto, conversamos com a onco-hematologista, Dra. Caroline Cunha Bernardi, que explicou alguns detalhes importantes sobre a doença. Confira!
1. O que torna a leucemia mieloide crônica diferente dos outros subtipos da doença?
A evolução lenta, o fato de ser uma leucemia crônica, bem como a presença de um gene anormal (bcr-abl), responsável pelo desenvolvimento da doença. Em contrapartida, existem medicamentos, denominados inibidores orais, específicos para essa alteração.
2. Existe faixa etária, sexo e outros fatores que levam determinados públicos a serem mais acometidas pela LMC?
A leucemia mieloide crônica pode afetar pessoas de qualquer idade ou sexo, mas é incomum em crianças. Além disso, a doença se desenvolve mais comumente em adultos com 40 a 60 anos de idade, e é um pouco mais comum em homens.
3. Quais os fatores de risco para a doença?
Os principais fatores de risco para a LMC são a exposição a altas doses de radioatividade, a idade avançada e ser do sexo masculino, já que as mulheres são menos acometidas por essa neoplasia.
4. Quais os principais sintomas da leucemia mieloide crônica?
Os pacientes podem ter leucemia mieloide crônica sem apresentar sinais ou sintomas. Isso porque se trata de uma doença com progressão lenta, que não interfere completamente no desenvolvimento das células normais da medula óssea. No entanto, aqueles que apresentam sintomas costumam relatar:
- fraqueza;
- fadiga;
- diminuição do fôlego durante as atividades diárias;
- febre;
- dores nos ossos;
- perda de peso sem motivo aparente;
- dores abaixo da costela ou no lado esquerdo, devido ao baço aumentado;
- suor noturno.
5. Segundo pesquisas, desde o lançamento da terapia com inibidores da tirosina quinase em 2001, a leucemia mieloide crônica (LMC) passou a ser uma doença crônica e controlável para a maioria dos pacientes. Como funciona esse tratamento?
A terapêutica é realizado com medicamentos orais, os inibidores de tirosina quinase, os quais são tomados diariamente e ininterruptamente. O tratamento da LMC melhorou significativamente desde a introdução dessas medicações, como o mesilato de imatinibe (Glivec®), dasatinibe (Sprycel®) e nilotinibe (Tasigna®), transformando-a de uma doença fatal para algo que pode ser controlado.
Com essas medicações as pessoas estão vivendo normalmente com a LMC e com menos efeitos colaterais. A grande maioria dos pacientes fica em remissão completa enquanto em uso dos medicamentos. Para eles usamos o termo cura funcional. É importante ressaltar que a aderência ao tratamento é um fator fundamental para se atingir e manter a resposta.
6. Além da terapia citada, quais as outras formas de tratamento?
Em alguns casos, se houver falha no tratamento com inibidores de tirosina quinase, pode ser necessário transplante de medula óssea. Antes da introdução dos inibvidores, porém, o Interferon era considerado tratamento de primeira linha para pacientes que não podiam receber o transplante alogênico de células-tronco.
Atualmente, essa terapia é menos usada para tratar LMC, já que os inibidores da tirosina quinase são mais eficientes e causam menos efeitos colaterais. O Interferon, por sua vez, pode ser uma opção para alguns pacientes que não conseguem tolerar os efeitos colaterais dos inibidores, bem como para mulheres grávidas.
7. Existem maneiras de prevenir a leucemia mieloide crônica? Se sim, quais são?
Não existem. O risco de muitos tipos de cânceres pode ser reduzido com mudanças no estilo de vida, mas até agora, não são conhecidas maneiras de se evitar a maioria dos casos de leucemia. O único fator de risco potencialmente evitável para a leucemia mieloide crônica é a não exposição a altas doses de radiação.
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