De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), um em cada seis homens terá câncer de próstata ao longo da vida. Esse é o segundo tipo de neoplasia mais frequente entre eles, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Em contrapartida, o tratamento da doença vem avançando amplamente nos últimos anos, tanto no cenário avançado quanto metastático.
Isso envolve terapias sistêmicas e também cirúrgicas. Neste Novembro Azul, para que mais pessoas saibam sobre o assunto, conversamos com o oncologista clínico, Dr. Carlos Stecca. Acompanhe o conteúdo e fique por dentro!
Quais tratamentos sistêmicos para o câncer de próstata tiveram destaque em 2021?
Algumas das principais novidades deste ano são relacionadas a estudos apresentados durante o ESMO 2021, um dos congressos de oncologia mais importantes do mundo. Um dos trabalhos, o multi-braços STAMPEDE, focou nos pacientes com doença localizada de alto risco.
Neste caso, o tratamento padrão, que envolve radioterapia e supressão da testosterona através do bloqueio hormonal, foi somado ao medicamento abiraterona, que bloqueia a produção da testosterona na glândula suprarrenal.
A associação destes tratamentos mostrou uma redução significativa no risco de morte na ordem de 40%. Aos seis anos, houve a demonstração de que 86% dos pacientes do braço experimental estavam vivos, em comparação com 77% daqueles que receberam a terapia padrão. Resultados como esses apontam uma mudança na prática clínica para o grupo de homens com algumas características de maior risco.
Já em relação aos pacientes com doença metastática, tivemos a atualização da sobrevida global do estudo PEACE-1 comparando os grupos que receberam a terapia padrao, composta de supressão androgênica e docetaxel, associado ou não a abiraterona.
Os resultados confirmaram um ganho significativo na sobrevida global, favorecendo os pacientes randomizados para a terapia tripla. Os achados foram consistentes nos quase três-quartos dos pacientes com doença de alto volume, de acordo com os critérios do CHAARTED.
Enquanto na terapia padrão a sobrevida foi de 3.5 anos, aqueles que receberam a adição da abiraterona tiveram uma sobrevida mediana de 5.1 anos. Baseados nestes resultados, podemos concluir que pacientes com uma doença metastática, castração sensível, de alto volume, merecem a terapia tríplice.
Há também a teranóstica, um conceito que alia diagnóstico e tratamento, que utiliza marcadores radioativos que identificam os tumores, ao mesmo tempo em que carregam uma medicação capaz de trata-lo. Nesse contexto, o estudo de fase III VISION, avaliou o papel do radioligante lutécio-177-PSMA-617 para pacientes com câncer de próstata castração resistente e previamente tratados. A pesquisa, apresentada na última edição da ASCO, mostrou resultados positivos sobrevida livre de progressão radiológica e sobrevida global, seus dois end points primários.
Em relação às cirurgias do câncer de próstata, quais as principais inovações?
O que se tem de mais novo no campo cirúrgico é a cirurgia robótica, a qual se utiliza de plataformas robóticas para a realização de procedimentos minimamente invasivos, mais precisos e com vantagens importantes para os pacientes. Entre elas estão a minimização das chances de disfunção erétil, menor tempo de hospitalização e recuperação mais rápida, possibilitando o retorno às atividades de rotina.
Vale ressaltar que, neste caso, não é um robô realizando a cirurgia, e sim obedecendo aos comandos do cirurgião que, sentado num console, transmite os movimentos aos braços robóticos.
Para o futuro, se espera ainda mais inovações relacionadas ao tratamento do câncer de próstata, que, assim como outros tipos de tumores, quando diagnosticado em estágios iniciais, possui taxas de cura mais altas, chegando a 90%.
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