O câncer de mama é o tipo mais prevalente entre as mulheres de todo o mundo. No entanto, ele não se trata de uma única doença, mas é composto por diversos subtipos celulares e histológicos, para os quais são empregados diferentes tipos de tratamento. Alguns tumores mamários dependem dos hormônios femininos produzidos pelo organismo, o estrogênio e a progesterona, para crescerem e se disseminarem. Para estes casos, é indicada a hormonioterapia.
Trata-se de um tratamento sistêmico, ou seja, que atinge células cancerígenas em qualquer parte do corpo e não apenas na mama.
Para falar sobre esse importante assunto, que envolve um protocolo voltado para a maioria das neoplasias da mama diagnosticados, conversamos com a oncologista clínica, Dra. Emanuella Poyer. Confira!
No que consiste a hormonioterapia para o câncer de mama?
O mecanismo da terapia hormonal pode ocorrer por meio da supressão da produção de hormônios, com a finalidade de privar as células malignas dos estímulos necessários para entrarem em divisão. Além disso, pode ocorrer o bloqueio da ligação dos hormônios com seus receptores, denominado bloqueio periférico. Em ambos os casos, ocorrem diminuição da velocidade de multiplicação e indução de morte celular.
Para quais tumores de mama ela é voltada?
Cerca de 65% dos cânceres de mama são do subtipo com receptores hormonais positivos. Suas células têm receptores que se ligam aos hormônios estrogênio (RE+) e/ou progesterona (RP+), os quais auxiliam as células cancerígenas a crescerem e se disseminarem. São os chamados subtipos Luminais, para os quais a hormonioterapia é indicada.
Quais são os tipos de terapia hormonal?
Existem alguns tipos de hormonioterapia para o câncer de mama. A maioria deles diminui os níveis de estrogênio ou impede o estrogênio de atuar sobre as células cancerígenas da mama. Veja alguns deles:
Inibidores de enzimas necessários para a produção de hormônios
Por meio da inibição de algumas enzimas, é possível privar a síntese de hormônios e assim bloquear as células malignas desses fatores de crescimento. Podemos citar, por exemplo, os inibidores da aromatase, drogas empregadas no tratamento do câncer de mama que inativam a aromatase, enzima fundamental para a formação de estrógenos na menopausa. São eles: anastrozol, letrozol e exemestano.
Antagonistas dos hormônios
Geralmente, são drogas que se ligam aos receptores existentes nas células malignas, impedindo o hormônio de se aproximar deles. O exemplo clássico é o tamoxifeno, droga que bloqueia os receptores de estrógeno existentes nas células do câncer. Além disso, temos ainda o fulvestranto.
Ablação ovariana
Para mulheres na pré-menopausa. A ablação ovariana remove ou desativa os ovários, a principal fonte de estrogênio. Neste caso, efetivamente a mulher entra na pós-menopausa. Há algumas maneiras de remover ou desativar a função dos ovários:
– Ooforectomia: cirurgia para remover os ovários que é uma forma de ablação ovariana permanente;
– Análogos de LHRH (Receptor do hormônio liberador do hormônio luteinizante): esses medicamentos são usados com mais frequência do que a ooforectomia. Eles bloqueiam o sinal enviado pelo corpo aos ovários para produzir estrogênio, provocando menopausa temporária. Os medicamentos análogos de LHRH incluem a goserelina e o leuprolide, os quais podem ser usados isoladamente ou com outros medicamentos hormonais (tamoxifeno, inibidores de aromatase, fulvestranto), como terapia hormonal em mulheres na pré-menopausa.
Existem efeitos colaterais neste tratamento?
A hormonioterapia não é isenta de efeitos colaterais, sendo que os principais são:
– Fadiga;
– Mialgia;
– Dores nas juntas (artralgias);
– Ondas de calor;
– Diminuição da libido;
– Dor de cabeça;
– Secura vaginal;
– Aumento da queda de cabelo;
– Tonturas.
Entre as principais formas de minimizar e evitar tais efeitos estão a realização de atividades físicas regulares e a manutenção de outros hábitos de vida saudável, como uma dieta adequada e um sono regular.
Como você viu, a hormonioterapia é voltada a um tipo específico de câncer de mama, consistindo em diferentes tratamentos, os quais, apesar dos possíveis efeitos colaterais, trazem bons resultados na cura e controle destes tumores.
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