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Câncer nas glândulas salivares: o que você precisa saber para se cuidar

Câncer nas glândulas salivares: o que você precisa saber para se cuidar
27/07/2023

Centro de Oncologia do Paraná

Com certeza você já ouviu ou até mesmo falou a expressão: “ficar com água na boca.”

Temos essa sensação quando, por algum motivo, ficamos com a boa cheia de saliva; o que acontece devido à ação das nossas glândulas salivares.

As glândulas salivares desempenham um papel essencial na saúde bucal e na nossa digestão. No entanto, infelizmente, elas também estão sujeitas a doenças, incluindo o câncer.

O câncer nas glândulas salivares é considerado raro, corresponde a cerca de 1% de todos os tipos de câncer e pode aparecer em qualquer idade.

A atriz Heloísa Perissé, por exemplo, publicou em suas redes sociais, aos 53 anos (em 2019) que havia descoberto um câncer nas glândulas salivares.

Ela revelou que, ao ir ao dentista fazer um procedimento estético, o profissional retirou uma “bolinha” que estava em sua boca. O material foi enviado para biópsia e, assim, a doença foi descoberta.

Isso mostra que, embora seja um câncer raro, é importante conhecer os sinais de alerta. Por isso, neste artigo você vai entender tudo que precisa fazer para se cuidar.

O que são glândulas salivares?

Glândulas salivares são tecidos que têm a função de produzir a nossa saliva.

Graças a elas, nossa boca e garganta não ficam secas e por isso conseguimos iniciar o processo de digestão dos alimentos.

Existem dois tipos de glândulas salivares, as maiores e as menores.

Podemos sentir as glândulas salivares maiores em cada lado do nosso rosto. Elas podem ser:

  • Parótidas
  • Submandibulares
  • Sublinguais

A maioria dos casos de câncer se manifesta nas parótidas. Elas ficam à frente das orelhas e, felizmente, a maioria dos tumores que as cometem são benignos.

Enquanto isso, as glândulas salivares menores não são visíveis a olho nu, estão presentes em toda cavidade bucal e vão até a faringe.

Independentemente se as glândulas são maiores ou menores, elas podem desenvolver tumores benignos ou malignos.

Por isso é importante ficar atento a qualquer coisa incomum.

Fatores de risco para o câncer nas glândulas salivares

Existem fatores que aumentam as chances de qualquer pessoa desenvolver câncer nas glândulas salivares, são os chamados fatores de risco.  

Conheça abaixo os principais, atente-se aos sinais e sempre busque ajuda profissional para esclarecer dúvidas.

Sexo masculino

Esse câncer é mais prevalente em homens, apesar de não se saber exatamente o porquê.

Especula-se que algumas funções de trabalho, como exposição à sílica, são majoritariamente masculinas, o que pode influenciar nessa maior incidência.

Idade avançada

À medida que uma pessoa envelhece, aumentam as chances de desenvolver esse tipo de câncer, sendo que a maioria dos casos se dá após os 60 anos de idade.

Alimentação pobre em vegetais

Pessoas que têm uma dieta pobre em vegetais e rica em alimentos com muita gordura animal podem ter mais chances de desenvolver esse tipo de tumor.

Infecção viral crônica

Infecções causadas por vírus podem estar associadas ao desenvolvimento de tumores.

O papilomavírus humano (HPV) foi encontrado em tumores, e o câncer linfoepitelial, um câncer raro, pode estar ligado ao vírus Epstein-Barr.

Além disso, pessoas que são portadoras do HIV também têm mais chances de desenvolver o câncer nas glândulas salivares.

Tabagismo

O fumante tem uma probabilidade maior de desenvolver o tumor de Warthin (um tumor benigno), do que pessoas que não têm esse vício.

Exposição à radiação

Pessoas que se expõem excessivamente à radiação na região da cabeça e pescoço, seja para tratamento de alguma doença ou porque trabalham em um ambiente com substâncias radioativas, estão mais propensas ao desenvolvimento do câncer nas glândulas salivares.

Exposição à sílica, nitrosaminas e borrachas

Pessoas que trabalham com materiais como sílica, borracha, pó de liga de níquel, amianto ou pó de madeira também apresentam uma probabilidade maior de desenvolver esse tipo de câncer.

Isso acontece devido à exposição diária a essas substâncias por muitas horas.

No entanto, vale ressaltar que essa é uma observação prática. Não existem estudos que comprovem essa teoria.

Sintomas de tumores nas glândulas salivares

Os tumores nas glândulas salivares podem apresentar uma grande variedade de sintomas, dependendo do tipo, tamanho e localização. Porém, a maioria se manifesta como uma massinha e não dói.

Porém, quando se trata de tumores malignos, eles podem atingir nervos e, assim, causar dor, queimação ou sensibilidade no local.

Os sintomas mais comuns incluem:

  • Inchaço nas bochechas, pescoço, ouvido ou boca;
  • Queimação;
  • Dificuldade para engolir;
  • Dor no local ou região;
  • Formigamento;
  • Dormência;
  • Perda da função motora em uma região do rosto.

Um sinal de alerta deve ser ligado quando surgem feridas na boca que não cicatrizam após três semanas. Mesmo sem utilizar pomadas, esse é o tempo suficiente para que uma lesão na cavidade bucal cicatrize.

Portanto, se sentir dores na boca, pescoço, ouvidos ou mandíbula, que não melhoram ao ingerir analgésicos, é importante investigar.

Lembre-se, no entanto, que tais sintomas também podem indicar outros problemas mais simples. Por isso, é fundamental marcar uma consulta médica para receber o diagnóstico adequado.

Tipos de tumores

Separamos, abaixo, os tipos de tumores das glândulas salivares mais comuns. Confira!

Tumores benignos

Os tumores benignos das glândulas salivares são maioria e correspondem a 60% dos casos.

Os mais comuns são:

Adenoma pleomórfico

É o tumor mais comum. Também é conhecido como tumor misto. Geralmente cresce lentamente e, é claro, precisa do tratamento adequado para não se tornar maligno.

Tumor de Warthin

Também conhecido como cistoadenoma papilar linfomatoso, é um tumor benigno que ocorre principalmente nas glândulas parótidas.

Esse tumor raramente se torna maligno e, quando ocorre, é porque ficou muitos anos sem tratamento.

Tumores malignos

É importante reforçar que muitos tumores benignos acabam se tornando malignos, por não serem tratados. Os tumores malignos correspondem a 40% dos casos e os principais tipos são:

Carcinoma mucoepidermóide

É o tipo mais comum de tumor maligno e pode apresentar diferentes graus de agressividade.

Manifesta-se nas glândulas parótidas e pode acometer pessoas entre 20 e 50 anos de idade.

Carcinoma adenóide cístico

Também conhecido como tumor cilindromatoso, costuma ser agressivo e se espalhar, invadindo estruturas próximas, como os nervos. Acomete, na maioria das vezes, pessoas entre 40 e 60 anos de idade.

Carcinoma acinar

É um tumor maligno que se manifesta nas células acinares das glândulas parótidas. Acomete principalmente pessoas entre 40 e 50 anos de idade.

Diagnóstico dos tumores nas glândulas salivares

O diagnóstico de câncer nas glândulas salivares geralmente envolve uma combinação de:

  • Exames clínicos;
  • Exames de imagem;
  • Biópsia.

O médico fará um exame físico cuidadoso levando em consideração suas queixas, histórico médico e fatores de risco.

Nesse exame clínico, procura-se por anormalidades, como presença de nódulos, aumento ou alterações na textura da pele.

Após essa investigação inicial, podem ser solicitados exames de imagem, sendo que a tomografia computadorizada e a ressonância magnética são os mais comuns.

Os resultados desses exames ajudam a localizar o tumor e a verificar qual é a sua extensão, além de orientar o médico a uma biópsia para confirmar o diagnóstico do câncer.

Normalmente, é realizada a biópsia aspirativa por agulha fina para confirmar o tipo de célula presente no tumor.

Após todas essas etapas, o paciente precisará realizar, com frequência, exames para verificar se houve metástase para os linfonodos que ficam próximo ao tumor, ou para partes mais distantes, como ossos, fígado, pulmões ou outros órgãos.

Esse acompanhamento é extremamente importante, pois vai guiar o médico na escolha do melhor tratamento para cada paciente.

Tratamento de câncer nas glândulas salivares

O tratamento do câncer nas glândulas salivares depende de vários fatores, incluindo:

  • Tipo do câncer;
  • Estágio do câncer;
  • Localização do tumor;
  • Tamanho do tumor;
  • Estado geral do paciente.

Normalmente, o tratamento para tumores benignos mais comum é a cirurgia.

Ela é realizada para remover o tumor e pode envolver a remoção parcial ou total das glândulas salivares. Em alguns casos, os linfonodos próximos também podem ser removidos.

Porém, se a ressecção não for completa, os tumores podem surgir novamente. Por esse motivo, o ideal é que a cirurgia seja feita em um centro de referência.

Já no caso dos tumores malignos, apenas a cirurgia é insuficiente, por isso é indicada também a radioterapia.

O que você precisa saber para se cuidar

Antes de tudo, é importante saber que não existe uma fórmula mágica ou um segredo para prevenir o câncer nas glândulas salivares.

No entanto, existem alguns hábitos que podem contribuir para seu bem-estar e saúde, além de prevenir não apenas esse tipo de câncer, mas também muitas outras doenças. São eles:

  • Fazer consultas preventivas no dentista a cada 6 meses;
  • Ter uma dieta rica em vegetais, frutas e gorduras boas;
  • Não fumar;
  • Evitar exposição excessiva à radiação, sílica, amianto, pó de madeira, borracha ou pó de liga de níquel.

Considerações finais

É importante ressaltar que cada caso de câncer nas glândulas salivares é único e o tratamento deve ser personalizado com base nas características do paciente e do tumor.

Com o diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível melhorar as perspectivas de saúde e qualidade de vida dos pacientes.

Além do tratamento médico, o apoio emocional e o cuidado da equipe de saúde são essenciais para ajudar os pacientes a enfrentar esse diagnóstico.

Buscando prevenir e/ou descobrir o mais cedo possível, é importante fazer consultas preventivas com regularidade, adquirir e manter hábitos de vida saudáveis e ir ao dentista duas vezes por ano.

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