Os tumores ginecológicos, como é o caso do câncer de colo do útero, trazem uma preocupação em comum entre as mulheres que descobrem a doença em fase reprodutiva: a possibilidade de se preservar a fertilidade após o tratamento.
Entre os questionamentos estão, por exemplo, se realmente será possível engravidar, o período de espera necessário, se a futura gestação será de risco e quais profissionais deverão acompanhar o processo.
Sabendo que esse é um assunto recorrente entre as pacientes, conversamos com o cirurgião oncológico, Dr. Fabio Roberto Fin, o qual esclareceu alguns pontos importantes sobre a doença e sua relação com a gravidez. Confira!
Estágios do câncer de colo de útero
O primeiro ponto a se entender em relação ao câncer de colo de útero e a preservação da fertilidade é sobre os estágios da doença. Nesse contexto, o denominado estadiamento descreve aspectos do tumor, como localização, tamanho, se disseminou localmente ou se está afetando outros órgãos do corpo.
Por meio de exames físicos, de imagem e laboratoriais, se determina a extensão do tumor e consequentemente as condutas de tratamento a serem indicadas para cada paciente. Os estágios do câncer de colo do útero variam entre 1 a 4, sendo o estágio 4 quando a doença está disseminada à distância, ou seja, gerou metástases.
A boa notícia é que, quanto antes for feito o diagnóstico da doença, maiores são as taxas de cura e também as possibilidades de engravidar após o tratamento. Por isso, é fundamental as mulheres estarem conscientes sobre a importância dos cuidados com o próprio corpo e com a prevenção de tumores ginecológicos como o de colo de útero.
Em que casos é possível manter a fertilidade da mulher?
O tratamento do câncer de colo de útero em fase inicial, algo que felizmente ocorre com uma frequência cada vez maior, pode ser feito com a retirada de apenas a parte inicial do colo uterino, confome a localização do tumor. Isso ocorre por meio de procedimentos como conização e traquelectomia. Desse modo, preserva-se o útero e a paciente fica com o colo mais curto.
Por isso, nos casos em que há gravidez posterior, é preciso se precaver com a utilização de uma proteção contra o parto prematuro, procedimento chamado cerclagem, o qual consiste na inserção de um fio que “amarra” o colo do útero impedindo sua dilatação antes do tempo.
Quanto tempo esperar para engravidar após o tratamento?
Para as pacientes que descobriram o câncer de colo de útero no início e, por isso, passaram por cirurgia conservadora, é indicado aguardar um período de seis a 12 meses após os procedimentos, de forma a permitir a cicatrização completa do tecido da regiãou.
É importante frisar que existe um risco aumentado de dificuldades para engravidar entre as mulheres que passaram pelo tratamento do câncer de colo uterino. Isso se dá, por exemplo, a partir de uma redução ainda maior do colo em função das cicatrizes, o que impede os espermatozoides de entrarem no útero.
Para esses e outros casos é possível fazer tratamentos de infertilidade, como a inseminação intra-uterina (IIU), caso não seja possível dilatar a abertura cervical. O procedimento consiste na inserção do esperma diretamente no útero por um pequeno cateter.
Além disso, quando não é mais possível engravidar naturalmente após o tratamento com quimiorradioterapia ou histerectomia radical, por exemplo, os avanços das tecnologias de reprodução assistida estão proporcionando às mulheres a possibilidade de gerarem filhos biológicos por meio de técnicas como a criopreservação de embriões.
Cada tipo de câncer deve ser tratado de forma personalizada conforme subtipo, extensão e outros fatores. Na mesma medida, as mulheres que passam pelo tratamento de tumores como o câncer de colo de útero devem ser assistidas de forma individualizada em relação à uma possível gravidez no futuro e todos os seus outros anseios e dúvidas.
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