O mês de Janeiro é mundialmente dedicado à conscientização sobre o câncer de colo de útero, doença que mata mais de 300 mil mulheres por ano. Porém, muitos casos poderiam ser evitados por meio da detecção precoce de lesões pré-malignas ou malignas, mas que se encontram em estágio inicial.
“Esse tipo de câncer possui desenvolvimento lento e assintomático. Quando apresenta sintomas geralmente se encontra mais avançado, com quadros de sangramento vaginal intermitente ou após relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais”, explica o cirurgião oncológico do Centro de Oncologia do Paraná, Dr. Fabio Roberto Fin.
Quando se identifica o câncer de colo de útero no início as chances de cura são altíssimas e uma pequena cirurgia pode ser suficiente para o tratamento, mas o ideal mesmo é se prevenir. O melhor exame tanto para a prevenção quanto para o diagnóstico precoce é o papanicolau, que é a coleta de células do colo do útero. Esse deve ser oferecido a mulheres na faixa etária entre 24 e 69 anos ou que já tiveram atividade sexual.
“Quando houver a necessidade de um exame mais preciso o médico poderá solicitar a colposcopia, que é muito similar ao papanicolau, mas utiliza uma lente de aumento. Nesse aspecto, tão importante quanto realizar o exame, é buscar o resultado e apresentá-lo ao especialista, ação que muitas mulheres deixam de fazer e, com isso, não obtêm os resultados que poderiam abrandar o tratamento ou salvar vidas”, aconselha o Dr. Fabio.
Fatores de risco e outras formas de prevenção para o câncer de colo de útero
O principal fator de risco para o desenvolvimento deste tipo de câncer é a infecção pelo Papilomavírus Humano, o HPV. Por isso, é de grande importância a vacinação de meninas e meninos com idades entre 9 e 14 anos. Fornecidas gratuitamente pelo Ministério da Saúde, as vacinas são preventivas, tendo como objetivo evitar a infecção pelos tipos de HPV 16 e 18, altamente cancerígenos.
“A vacinação é uma forma de prevenção a essas doenças que matam ou trazem sequelas irreversíveis para toda a vida. Se conseguirmos vacinar todas as crianças, meninos e meninas no mundo inteiro, talvez o câncer de colo de útero seja algo que não exista mais ou raramente aconteça. É algo que parecia irreal, mas pode se tornar possível. Por isso é fundamental que a população se conscientize da importância da vacinação”, ressalta o cirurgião oncológico.
Além da vacinação, a prevenção pode ser feita usando-se preservativos (camisinha) durante a relação sexual, para evitar o contágio pelo HPV. Outros fatores de risco para a doença são o tabagismo, a iniciação sexual precoce, a multiplicidade de parceiros sexuais, a multiparidade e o uso de contraceptivos orais.
Principais formas de tratamento
Quando o câncer de colo de útero é diagnosticado, a decisão sobre o melhor tratamento deve ocorrer conforme a avaliação do médico junto à paciente. A decisão passa por inúmeros fatores, sendo os principais o tamanho do tumor, a localização exata e o desejo de ter filhos. Quando indicada cirurgia, pode ser realizado um destes métodos:
- Conização: retirada parcial do colo útero (cirurgia via vaginal);
- Traquelectomia: retirada de todo o colo do útero com os paramétrios e linfonodos;
- Histerectomia: retirada do útero com os paramétrios e linfonodos;
- Radioterapia e Quimioterapia.
Uma boa notícia é que, ao contrário do que ocorria no passado, hoje nem sempre a fertilidade da mulher é comprometida. “Atualmente com o aperfeiçoamento da técnica, há uma cirurgia do câncer de colo de útero que permite à paciente engravidar, o que inclusive já beneficiou muitas mulheres”, ressalta o Dr. Fabio Fin.