O câncer colorretal, tumor maligno que se instala no reto e intestino grosso, é o terceiro mais frequente entre os homens, logo após os cânceres de próstata e pulmão. Na grande maioria dos casos, a doença tem origem a partir de pólipos que, ao longo da vida, sofrem alterações em suas células.
Isso significa que, se os indivíduos fizerem os exames preventivos necessários, é possível detectar e retirar possíveis pólipos quando ainda são benignos. Além disso, alguns fatores ambientais, que contribuem com o desenvolvimento da doença, podem ser evitados.
Pensando em conscientizar a todos sobre a importância da prevenção e de adquirir bons hábitos, desenvolvemos esse post, que conta com a participação do cirurgião oncológico do Centro de Oncologia do Paraná, Dr. Jeferson Luis Mattana.
Quais os principais fatores de risco para o câncer colorretal?
Hábitos de vida e genéticos podem aumentar a probabilidade de desenvolver o câncer colorretal (CCR). Embora a hereditariedade resulte em um aumento de risco mais marcante, a maioria dos casos são esporádicos, e não familiares.
Os principais fatores relacionados ao maior risco de desenvolver câncer do intestino são:
- histórico familiar de câncer de intestino ou polipose adenomatosa familiar (PAF);
- doenças inflamatórias do intestino como retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn;
- idade acima de 50 anos;
- tabagismo;
- consumo de bebidas alcoólicas;
- excesso de peso e alimentação não saudável, ou seja, pobre em frutas, vegetais e outros alimentos que contenham fibras;
- consumo de carnes processadas, como salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, peito de peru e salame;
- ingestão excessiva de carne vermelha (acima de 500 gramas de carne cozida por semana).
Nesse caso, é importante frisar que os pacientes que apresentam as doenças acima citadas ou casos na família devem ter acompanhamento individualizado.
Para quais sintomas é necessário estar atento?
O câncer precoce e os pólipos geralmente não causam sintomas. É por isso que o rastreio precoce e a prevenção são tão importantes. Quando os sintomas se desenvolvem, este é geralmente um sinal de um câncer mais avançado. São eles:
- sangue nas fezes;
- alterações do hábito intestinal como constipação, diarréia ou alteração no calibre das fezes (fezes finas);
- anemia e fraqueza;
- dores abdominais, náuseas, vômitos e perda de peso.
Na maioria das vezes, esses sinais e sintomas não são causados por câncer, mas indicativos de outras doenças benignas como hemorróidas, verminose, úlceras gástricas entre outros.
Entretanto, é fundamental que sejam investigados e realizados exames que descartem a possibilidade de uma neoplasia de intestino.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico requer uma biópsia, ou seja, a retirada de fragmentos da área suspeita, que são encaminhados a um médico patologista para uma análise no microscópio. A retirada da amostra de biópsia é feita por um aparelho com uma câmera, o qual é introduzido pelo reto para analisar a mucosa intestinal. O procedimento, conhecido como colonoscopia, é realizado com sedação ou anestesia para melhor conforto do paciente.
Com qual idade é indicado iniciar a prevenção e quais exames são indicados nesse caso?
Todos os indivíduos não afro-americanos devem realizar uma colonoscopia de rastreamento a partir dos 50 anos, sendo feita a cada 10 anos se não forem encontrados cânceres ou pólipos. Esse rastreamento deve permanecer até os 75 anos e acima desta idade devem ser individualizadas a cada indivíduo.
Nesse aspecto, há alguma particularidades. Uma delas é que iniciar o rastreamento mais cedo, aos 45 anos, é uma recomendação da American Cancer Society (ACS). Alguns estudos sugerem o exame a partir dos 45 anos, porém não há um consenso sobre isto nos trabalhos.
Pacientes com histórico familiar devem iniciar os exames aos 40 anos ou 10 anos antes do parente afetado mais jovem. Já os afro-americanos, que têm um maior risco de câncer colorretal, devem realizar uma colonoscopia de triagem a partir dos 45 anos.
Aqueles com familiares próximos com síndromes hereditárias devem ter aconselhamento genético e testes potencialmente genéticos para excluir a possibilidade de também possuírem as formas hereditárias de câncer colorretal, como o câncer colorretal hereditário não polipóide (HNPCC) ou a polipose adenomatosa familiar (FAP).
Pode ser recomendável que a triagem do câncer de cólon seja iniciada nos adolescentes ou aos 20 anos para famílias que correm o risco de sofrer uma dessas síndromes de câncer hereditárias.
Outro aspecto importante é que mulheres com história pessoal de câncer de mama, ovário ou endométrio podem ter maior risco de câncer de cólon. Essas mulheres devem realizar uma colonoscopia a partir dos 40 anos e a cada 5 anos.
Quais as principais inovações relacionadas ao diagnóstico e tratamento da doença?
A cada ano estudos demonstram resultados promissores com novas medicamentos e quimioterápicos que modificam a estratégia e individualizam ainda mais o tratamento do paciente.
Além dos medicamentos, o uso da tecnologia está cada dia mais presente, auxiliando no tratamento dos tumores colorretais. Entre os novos recursos estão a cirurgia robótica, a microcirurgia endoscópica transanal (TEM) e a retossigmoidectomia transanal (TaTME).
A cirurgia robótica é uma evolução da cirurgia minimamente invasiva (laparoscopia), que permite ao cirurgião movimentos mais precisos e uma melhor visualização da anatomia, apesar de ainda ser uma tecnologia muita cara.
A microcirurgia endoscópica transanal, por sua vez, ocorre com o auxílio de um equipamento específico, pelo qual o cirurgião pode ressecar tumores iniciais ou, eventualmente, até mais avançados, naqueles pacientes que não possuem condição clinica para uma cirurgia de grande porte. A vantagem é que a recuperação do pós-cirúrgico é rápida e evita cortes abdominais e o uso de bolsa de colostomia.
Esperamos que o nosso artigo sobre câncer colorretal tenha sido esclarecedor para você. Conscientize os seus conhecidos, compartilhe em suas redes sociais!