O cirurgião oncológico e membro do COP – Centro de Oncologia do Paraná, Dr. William A. Casteleins, atualmente trabalhando na cidade de Ho Chi Minh, Vietnã, compartilhou sua experiência durante o workshop Technologies and Advancements for the Assessment and Treatment of Colon Cancer, realizado em 2 de novembro de 2024 no Vinmec Central Park International Hospital. O evento, que reuniu líderes locais no tratamento do câncer colorretal, destacou avanços recentes em estratégias tecnológicas e cirúrgicas para o tratamento desta doença. A apresentação do Dr. Casteleins sobre Fluoroscopia com Verde de Indocianina (ICG – indocyanine green) em Cirurgias Colorretais foi um dos destaques do workshop.
“A fluoroscopia é uma técnica de imagem que vem ganhando rapidamente popularidade em cirurgias colorretais e hepáticas. Utilizando fluorescência de luz próxima ao infravermelho (near infrared), permite que os cirurgiões visualizem em tempo real o fluxo sanguíneo e a perfusão dos tecidos, oferecendo informações críticas que orientam decisões cirúrgicas. Aproveitamos o momento para discutir sobre como essa tecnologia vem melhorando os resultados e reduzindo complicações em procedimentos que exigem ressecção e reconstrução do intestino”, destacou Dr. Casteleins.
Como a fluoroscopia com ICG melhora a cirurgia colorretal
Na cirurgia de câncer colorretal, garantir um suprimento sanguíneo adequado aos segmentos intestinais reconstruídos (anastomose) é vital para a recuperação do paciente. Um dos principais riscos é a ocorrência de fístulas, vazamentos anastomóticos, que podem ocorrer se o suprimento sanguíneo ao intestino for comprometido. Com a fluoroscopia, os cirurgiões podem avaliar diretamente a perfusão ao redor da anastomose durante a cirurgia. Após a injeção endovenosa do corante ICG, o espectro de luz emitido é captado por câmeras especiais e reproduzido na tela da laparoscopia, permitindo que o cirurgião identifique regiões com fluxo sanguíneo insuficiente.
Dr. William Casteleins enfatizou que essa tecnologia oferece vários benefícios críticos:
Avaliação de perfusão em tempo real: a fluoroscopia fornece feedback imediato sobre a perfusão tecidual, permitindo que o cirurgião confirme que o local da anastomose possui fluxo sanguíneo adequado para sua cicatrização.
Redução de complicações: ao identificar e tratar áreas com perfusão insuficiente durante a cirurgia, reduz a probabilidade de fístulas, levando a resultados seguros e tempos de recuperação mais rápidos, culminando com alta hospitalar precoce.
Maior precisão cirúrgica: essa técnica de imagem avançada permite que os cirurgiões tomem decisões acertadas quanto à resseção e anastomose do intestino, aumentando tanto a precisão quanto a segurança do procedimento cirúrgico.
Aplicações do ICG na resseção de metástases hepáticas
Além das cirurgias intestinais, Dr. Casteleins destacou o uso crescente da fluoroscopia com ICG para o tratamento cirúrgico da doença que se espalhou para o fígado. A identificação e remoção precisa das metástases hepáticas são essenciais para o prognóstico do paciente. Quando injetado cerca de 36 horas antes da cirurgia, o ICG é retido no tecido hepático canceroso (e tecidos sadios adjacentes) devido à excreção biliar comprometida, fazendo com que as lesões metastáticas fluoresçam durante a cirurgia. Essa fluorescência seletiva fornece uma demarcação clara das margens tumorais a serem obedecidas pelo cirurgião.
Benefícios na cirurgia hepática:
Melhoria na localização do tumor: o verde de Indocianina permite a visualização precisa de lesões metastáticas, que podem ser difíceis de detectar com a imagem convencional.
Melhoria nas margens de ressecção: a técnica permite que os cirurgiões diferenciem entre o tecido hepático saudável e o canceroso, melhorando a precisão da ressecção e minimizando o risco de células cancerosas residuais.
Preservação do tecido hepático saudável: com o ICG, os cirurgiões podem concentrar a ressecção especificamente no tecido maligno, preservando o fígado saudável e promovendo uma melhor função hepática pós-operatória.
Futuras direções e tecnologias emergentes
Dr. Casteleins também analisou o futuro da fluoroscopia, especialmente em relação às cirurgias assistidas por robótica. A maioria das aplicações de ICG em pesquisas atualmente envolvem esta plataforma, que oferece maior precisão e controle durante procedimentos complexos. No futuro próximo, sistemas de imagem de fluorescência de canal duplo e análise assistida por IA (inteligência artificial) deverão melhorar ainda mais a aplicação do ICG na cirurgia, com o software informando ao cirurgião o local a ser seccionado. “Esses avanços prometem tornar a tecnologia ainda mais eficaz”, ressalta o cirurgião.
Apoio do COP
A participação do Dr. William no workshop do grupo Vinmec é uma prova de seu comprometimento com os avanços da cirurgia e sua dedicação em trazer as mais recentes inovações para pacientes em todo o mundo. Sua palestra sobre a fluoroscopia com ICG destacou como essa tecnologia está transformando a oncologia cirúrgica, melhorando os resultados para pacientes com câncer colorretal e metástases hepáticas.