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As consequências de comportamentos e emoções no momento do coronavírus

01/06/2023

Centro de Oncologia do Paraná

Para conter a pandemia de coronavírus, governos do mundo todo propuseram distanciamento e isolamento social, já que até o momento não existe um medicamento ou vacina eficientes no combate à Covid-19. A exemplo de estudos baseados em experiências passadas, como a que ocorreu no Canadá em 2003, onde o vírus SARS levou a um isolamento populacional de 10 dias, é possível dizer que qualquer isolamento que ultrapasse esse período pode levar as pessoas a um nível alto de estresse.

O motivo é que o cérebro entende como se estivesse acontecendo uma grande guerra e, por isso, ocorre a liberação de um grande volume de cortisol e os indivíduos passam a demonstrar o que podem ser os primeiros sintomas do distanciamento, que são o nervosismo e a ansiedade. Ou seja, passam a ficar inquietos e irritados dentro de casa em função da mudança de rotina.

Outro sinal é o medo irracional, já que o cérebro submetido ao estresse passa a atuar apenas nas emoções, e deixa a lógica e a razão em segundo plano. Inclusive, o medo é o sintoma mais característico dessa situação.

Medo irracional: entenda

Apesar de o medo fazer parte da natureza humana, quando se torna irracional pode comprometer significativamente a qualidade de vida do indivíduo. A pandemia de coronavírus tem levado as pessoas a acreditarem que, ao contrair o vírus, pode ser fatal, ou que vão faltar alimentos, álcool gel, medicamentos, entre outros. Isso as leva a fazer estoque e reserva para se prevenir da escassez, ou seja, a ter atitudes afoitas e de verdadeiro desespero.

Outros comportamentos relacionados ao isolamento social são o tédio e a frustração. O motivo é que as pessoas começam a sair de suas rotinas, certas ou erradas, mas que existiam e forma tiradas de forma abrupta. Quando o tédio começa a aparecer, pode levar ao vazio e as pessoas tendem a preencher muito mal seus vazios. A sensação de falta pode gerar obsessão por compras, bebidas e ou comidas, principalmente em casos de maior predisposição.

A desconfiança também se faz muito presente. As pessoas começam a criar uma paranoia e acreditarem que algo está sendo escondido, ou que há omissão de informações, o que pode causar uma busca incessante por notícias e fixação dos pensamentos, falando no problema o tempo todo.

O que preocupa é a exacerbação de pessoas com quadros de transtornos mentais como o de ansiedade, fobias, t.o.c (transtorno obsessivo compulsivo) e depressão. A pandemia pode ser um gatilho para despertar e abrir as patologias. É importante buscar ajuda psiquiátrica e psicológica e estarmos atentos a esses fatores e fenômenos, pois essa atitude pode prevenir e estancar muitas crises.

É momento para expressar a generosidade e gentileza, aos outros e a nós mesmos. São tempos de recolhimento, limpeza emocional, replanejamentos e resiliência. Não podemos nos deixar dominar por pensamentos catastróficos e de desesperança.

Na vida não há nada certo, ela é dual, tudo que se mostra tem o seu oposto. Quem sabe podemos olhar para o futuro com gratidão pelo que teremos que fazer, aprender e adaptar. Afinal de contas estamos vivos e viver depende de evoluções constantes.

Michelle Servelhere Gizzi é psicóloga do Centro de Oncologia do Paraná.

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