O mês de agosto ganhou a cor verde claro para conscientizar sobre o linfoma. Esse é o nome dado a um conjunto de neoplasias que afetam o sistema linfático, constituído por uma complexa rede de vasos (vasos linfáticos), semelhantes às veias, que se distribuem por todo o corpo e recolhem o líquido que se acumula nos tecidos, filtrando-o e reconduzindo-o à circulação sanguínea.
Ele faz parte do sistema de defesa do organismo e é composto por várias estruturas, sendo órgãos linfoides, linfonodos, ductos linfáticos, tecidos linfáticos, capilares linfáticos e vasos linfáticos. Por elas, circulam uma grande quantidade de glóbulos brancos, em especial os linfócitos, que atuam na produção de anticorpos, usados pelo sistema imunológico para nos proteger das mais diversas doenças.
O linfoma acontece quando os linfócitos e seus precursores que “moram” no sistema linfático, e que deveriam nos proteger contra as bactérias, vírus, dentre outros perigos, se transformam em malignos, crescendo de forma descontrolada e “contaminando” o sistema linfático. Geralmente esse acúmulo ocorre nos gânglios, mas também pode se dar em qualquer parte do corpo.
Os linfomas são divididos em dois tipos: linfoma de Hodgkin (LH) e linfoma não-Hodgkin (LNH), que, por sua vez, possuem diferentes subtipos, mais ou menos agressivos. Ambos os apresentam comportamentos, sinais e graus de agressividade diferentes. Outra característica é que a doença afeta pessoas de todas as idades, desde crianças até adultos.
Para esclarecer alguns aspectos importantes sobre a neoplasia, conversamos com a onco-hematologista, Dra Caroline Cunha Bernardi. Confira o post e saiba mais.
O que é o linfoma de Hodgkin?
O que caracteriza um linfoma do tipo Hodgkin é a pela presença de células grandes e facilmente identificáveis no linfonodo acometido, conhecidas como células de Reed-Sternberg, que, ao contrário dos linfócitos B normais, são muito grandes, têm muitos núcleos ou dois que parecem olhos de coruja.
Pode ocorrer em qualquer faixa etária, no entanto, é mais comum no adulto jovem, dos 15 aos 40 anos de idade, atingindo maior frequência entre os 25 a 30 anos. Os homens têm propensão ligeiramente maior a desenvolver o linfoma de Hodgkin do que as mulheres. Os LH são responsáveis por 20 % dos diagnósticos de linfoma, sendo o subtipo mais comum a esclerose nodular, que ocorre em 60% a 80% dos casos. Com o tratamento adequado, as taxas de cura atualmente chegam a 85%.
O que é o linfoma não Hodgkin?
Enquanto no linfoma de Hodgkin existem as células de Reed-Sternberg, neste caso elas estão ausentes. Os linfomas não Hodgkin são, de fato, um grupo complexo, de mais de 80 tipos distintos da doença. Podem surgir em diferentes partes do corpo e representam 80% dos casos de linfoma. Nos últimos 25 anos, o número de novos casos duplicou, em especial em pessoas acima dos 60 anos de idade, mas ainda não se sabe os reais motivos para o surgimento deste tipo de câncer.
O LNH pode atingir linfonodos e orgãos extranodais (aqueles que ficam fora do sistema linfático), sendo os locais mais frequentes medula óssea, trato gastrointestinal, nasofaringe, pele, fígado, ossos, tireoide, sistema nervoso central (relacionado ao HIV), pulmão e mama.
Após o diagnóstico, a doença é classificada de acordo com o tipo de linfoma e o estágio em que se encontra (extensão). Eles são agrupados de acordo com o tipo de célula linfoide afetada, se linfócitos B ou T. E para sua classificação, também são considerados o tamanho, a forma e o padrão de apresentação ao microscópio. Os linfomas de células B são os mais comuns, respondendo por 85% dos casos de linfomas não Hodgkin. Essas informações são importantes para selecionar adequadamente a forma de tratamento. Para tornar a classificação mais fácil, os linfomas podem ser divididos em dois grandes grupos:
Indolentes
Se desenvolvem ao longo dos anos, têm crescimento lento e, em alguns casos, é possível esperar e acompanhar a doença, sem dar início ao tratamento.
Agressivos
Seu crescimento é acelerado e podem dobrar de tamanho em semanas. Por este motivo, exige tratamento imediato.
Os sintomas são diferentes conforme o tipo de linfoma?
Independentemente do tipo ou subtipo, os linfomas costumam apresentar alguns sintomas em comum. São eles:
– aumento dos linfonodos, ou seja, presença de gânglios, também chamados popularmente de ínguas, no pescoço, axila e virilha, principalmente;
– coceira sem motivo aparente (especialmente nos linfomas de Hodgkin )
– febre;
– perda de peso;
– suor noturno excessivo;
– aumento do fígado e do baço;
– cansaço;
– fraqueza.
Quais as formas de tratamento do linfoma?
Em primeiro lugar, para definição do tratamento, é necessário a diferenciação de linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin, além do estadiamento da doença . E, em se tratando de linfoma não Hodgkin, a especificação da origem da célula (B,T, NK) e agressividade da doença (indolente x agressivo).
Nos Linfomas de Hodgkin, a quimioterapia é o principal tratamento e sua duração depende da extensão inicial da doença. A radioterapia é usada após a quimioterapia em alguns casos. Atualmente, também são utilizados anticorpos monoclonais e imunoterapia no tratamento da doença. A maioria dos linfomas de Hodgkin responde bem a esse tratamento, mas, se isso não ocorrer, o médico pode indicar uma quimioterapia de resgate seguido de transplante de células-tronco (transplante de medula).
O tratamento dos linfomas não Hodgkin depende de vários fatores como tipo do linfoma, estágio da doença, sintomas e o estado de saúde geral do paciente, além de sua idade. Em alguns casos de linfomas indolentes, é possível esperar e acompanhar a doença, sem dar início ao tratamento.
A quimioterapia é o tratamento padrão. A radioterapia também pode ser utilizada, tanto nos estágios iniciais como para alívio de sintomas, como dor, por exemplo, mas raramente é o único tratamento dado aos pacientes.
Outra opção disponível atualmente é o arsenal da imunoterapia, que inclui as chamadas terapias-alvo, que bloqueiam os mecanismos que as células cancerosas utilizam para se reproduzir e se disseminar. O transplante de células-tronco (ou transplante de medula) é também uma opção para pacientes com linfomas não Hodgkin.
Esperamos que o nosso conteúdo tenha te ajudado a entender melhor sobre os linfomas. Confira agora o post sobre 4 alimentos que devem ser evitados na quimioterapia
2 Comentários
Ótima publicação!
É essencial para quem está aprendendo ter acesso ao conteúdo de forma clara e simplificada.
Nós pacientes em situações como esta ,ficamos desejosos em saber nossa situação ,e a real solução para que possamos vencer a doença.
Aqui muito esclarecedor.
Obrigado