O câncer colorretal (CCR) apresenta-se como um tumor maligno frequentemente diagnosticado no mundo e é responsável por cerca de 12% das mortes relacionadas ao câncer de modo geral. O risco acumulado de desenvolvimento de CCR ao longo da vida é de 6%. Na região Sul do Brasil, excluindo-se os cânceres de pele do tipo não-melanoma (carcinomas baso e espinocelular), é o terceiro tipo de câncer mais frequente entre os homens e o segundo entre as mulheres de acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer para o ano de 2018.
Sabe-se que a maioria dos casos de câncer do intestino grosso provém dos pólipos (adenomas) e, portanto, sua identificação e remoção, através da colonoscopia, possibilitam redução considerável no número de mortes relacionadas a esse tipo de câncer.
Rastreamento: conceito
O rastreamento é definido como a investigação de pessoas assintomáticas (sem sintomas), a fim de classificá-las em alta ou baixa probabilidade de desenvolver uma doença.
Verifica-se que o câncer colorretal é uma doença elegível para o rastreamento, pois tem alta prevalência (elevado número de casos), pode ser detectado em fase pré-maligna e é passível de ser curado.
Populações de risco para o câncer de colorretal
O risco é determinado por fatores genéticos e adquiridos ao longo da vida. Estrategicamente, os indivíduos são divididos em duas populações: as de risco médio e risco alto. A população de risco médio é composta por indivíduos sem sintomas, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 50 anos, sem outros fatores de risco. A população de risco alto é subdivida em duas categorias: risco aumentado e alto risco propriamente dito. Os indivíduos de risco aumentado são aqueles que: 1) possuem antecedente de pólipos; 2) possuem antecedente de cirurgia curativa para tratamento do câncer colorretal; 3) possuem história familiar de câncer colorretal ou pólipos. Os indivíduos de alto risco são aqueles que: 1) encontram-se sob risco elevado em função do histórico pessoal de doença inflamatória intestinal (retocolite ulcerativa/doença de Crohn do intestino grosso) de longa duração, ou seja, com mais de 8 anos; 2) encontram-se sob risco elevado em função da presença ou suspeita de síndromes hereditárias (polipose adenomatosa familiar e câncer colorretal hereditário não-polipose).
É de grande importância o estabelecimento de populações de risco, a orientação sobre a idade de início do rastreamento e a definição dos intervalos de tempo para a repetição do procedimento escolhido no rastreamento.
O procedimento mais realizado e mais completo para o rastreamento do câncer colorretal é a colonoscopia, que pode investigar toda a extensão do intestino grosso (cólon e reto), além de propiciar no mesmo momento a retirada de pólipos e outras lesões.
Quando iniciar o rastreamento para câncer de colorretal?
De maneira geral recomenda-se que o rastreamento por colonoscopia seja iniciado aos 50 anos, idade em que se atinge o risco médio para o desenvolvimento dessa neoplasia maligna. Entretanto, indivíduos com histórico familiar (parentes de 1° grau) de câncer colorretal, via de regra, devem rastreados aos 40 anos ou 10 anos antes do caso mais precoce da família (aquele diagnosticado com a menor idade). Em famílias consideradas portadoras da Síndrome de Lynch – cujos critérios consideram: três ou mais familiares diagnosticados com câncer de intestino; um dos quais é parente de primeiro grau dos outros dois; envolvimento de pelo menos duas gerações; um ou mais casos do diagnosticados antes dos 50 anos – o rastreamento deve se iniciar por volta dos 22 anos.
* Artigo escrito pelo Dr. Esdras Zanoni, cirurgião do Centro de Oncologia do Paraná.