Cientistas da organização americana Climate Central analisaram as temperaturas do ar registradas nos últimos 12 meses – 1° de novembro de 2022 a 31 de outubro de 2023 – em todo o mundo e comprovaram que houve um aumento na temperatura global de 1,32°C em comparação aos índices da era pré-industrial (1850-1900). O estudo, publicado no dia 9 de novembro, mostra que a tendência de aumento é impulsionada principalmente pelo excesso de gases de efeito estufa liberados por ações humanas, como a queima de combustíveis fósseis.
Com o planeta mais quente e o Brasil, sendo um país tropical, com regiões convivendo com altas exposições solares praticamente o ano inteiro, aumenta a preocupação com relação ao câncer de pele. A dermatologista Ana Carolina Peters, do COP – Centro de Oncologia do Paraná, destaca a importância da luz solar para saúde, já que é a principal fonte de vitamina D, mas que é fundamental também a proteção contra os raios ultravioleta e consequentemente a prevenção contra o câncer de pele.
De acordo com pesquisa publicada na Cancer Epidemiology Biomarkers & Prevention, os danos causados pelos raios ultravioleta são cumulativos, aumentando o risco de câncer de pele ao longo do tempo. Apenas cinco queimaduras solares intensas entre jovens de 15 a 20 anos podem aumentar o risco de melanoma em 80% e dois outros cânceres de pele, carcinoma de células escamosas e carcinoma basocelular em 68%.
O câncer de pele é o tipo mais comum entre os brasileiros, representando 33% de todos os diagnósticos da doença e, segundo o Instituto Nacional de Câncer – INCA são estimados cerca de 220 mil novos casos, entre 2023 e 2025. Ele é provocado pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele – maior órgão do corpo humano. “A exposição solar é um dos principais fatores para o desenvolvimento da doença, porém existem outros dois agentes, como as características do próprio indivíduo, as peles claras que possuem pouca melanina, possibilitando uma menor proteção aos raios solares, e a predisposição genética”, destaca a dermatologista.
Os principais tipos de câncer de pele são:
Carcinoma basocelular (CBC): é o tipo mais prevalente e surge mais frequentemente em regiões expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. Tem baixa letalidade e pode ser curado em caso de detecção precoce. Costuma se apresentar como uma pápula vermelha, brilhosa, com uma crosta central, que pode sangrar com facilidade.
Carcinoma espinocelular (CEC): pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao sol, como orelhas, rosto, couro cabeludo e pescoço. Tem coloração avermelhada e pode se parecer com uma verruga ou uma ferida espessa e descamativa, que não cicatriza.
Melanoma: é o menos frequente dos cânceres da pele, porém tem o mais alto índice de mortalidade. Detectado precocemente, as chances de cura são de mais de 90%. O melanoma costuma ter a aparência de uma pinta ou de um sinal em tons acastanhados ou enegrecidos, que mudam de cor, de formato ou de tamanho.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pele são:
- Ter alguém na família que tem ou já teve câncer da pele;
- Já ter tido muitas queimaduras de sol durante a vida;
- Ter muitas sardas ou pintas pelo corpo;
- Ter a pele muito clara, do tipo que sempre queima no sol e nunca bronzeia;
- Já ter tido câncer da pele;
- Ter mais de 65 anos.
Prevenção é fundamental
Ana Carolina Peters chama a atenção para a importância da prevenção: “O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento do câncer de pele, mas a prevenção ainda é a principal maneira de se evitar novos casos. Por isso é bom evitar exposição indevida e excessiva à luz do sol, ou seja, no período compreendido entre 09h às 15h. Vale, também, ressaltar a importância de se utilizar o protetor solar adequado para cada tipo de pele (no mínimo FPS 30) e fazer uso de acessórios, como chapéus de abas largas, óculos de sol com proteção UV e roupas que exponham o mínimo da pele aos raios do sol. Uma sugestão é usar roupas com proteção UV, o que garante uma proteção a mais”.
O tratamento para o câncer de pele é cirúrgico, porém existem casos específicos, como no carcinoma, que pode ser associado com radioterapia. Depois dos procedimentos, o paciente é acompanhado entre 5 e 10 anos, mas o cuidado será permanente, consultando um dermatologista uma vez ao ano pelo resto da vida.
ABCDE do câncer de pele
Para facilitar a percepção de alterações em manchas e pintas, foi criada uma regra chamada de ABCDE, que consiste na avaliação, pela própria pessoa, de cinco características distintas que podem aparecer na pele. É recomendado pelos dermatologistas para a detecção do melanoma:
A: de assimetria, significa que a lesão possui formato irregular;
B: bordas irregulares, ou seja, os limites externos se mostram irregulares;
C: a lesão possui coloração variada (duas ou mais cores);
D: o diâmetro da lesão sendo maior do que cinco milímetros;
E: evolução (mudança de tamanho, cor e forma).
Fique atento, cuide-se. Observando qualquer alteração na sua pele, procure orientação médica.