No post anterior, abordamos o conceito de câncer infantojuvenil, seus fatores de risco, sintomas e diagnóstico. Para dar continuidade ao assunto neste Setembro Dourado, mês de conscientização sobre a doença, conversamos com a oncologista pediátrica, Dra. Ana Luiza Melo Rodrigues, a respeito dos tratamentos disponíveis.
Conforme a especialista, após a neoplasia ser diagnosticada, o médico discute com o paciente as opções de tratamento, que dependem do tipo e estágio do tumor, localização, estado de saúde geral e possíveis efeitos colaterais. Os principais protocolos são:
Cirurgia
A cirurgia oncológica é o mais antigo tipo de terapia contra o câncer. É o principal tratamento utilizado para vários tipos de câncer e pode ser curativo quando a doença é diagnosticada em estágio inicial.
O procedimento cirúrgico também pode ser realizado com objetivo de diagnóstico, como na biopsia cirúrgica, alívio de sintomas, como a dor, e em alguns casos de remoção de metástases quando o paciente apresenta condições favoráveis para a realização da cirurgia.
Quimioterapia
O tratamento quimioterápico utiliza medicamentos anticancerígenos para destruir as células tumorais. Por ser uma terapia sistêmica, atinge não somente as células cancerosas como também as células sadias do organismo.
De forma geral, a quimioterapia é administrada por via venosa, embora alguns quimioterápicos possam ser administrados por via oral, bem como pode ser feita aplicando uma ou mais medicações.
De acordo com seu objetivo, pode ser:
– curativa: usada com o objetivo de obter o controle completo do tumor;
– adjuvante: realizada após a cirurgia, com objetivo de eliminar as células cancerígenas remanescentes, diminuindo a incidência de recidiva e metástases à distância;
– neoadjuvante: realizada para reduzir o tamanho do tumor, visando um tratamento cirúrgico com maior sucesso;
– paliativa: sem finalidade curativa, é utilizada para melhorar a qualidade da sobrevida do paciente.
Radioterapia
Trata-se do uso das radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células anormais que formam um tumor. Existem vários tipos de radiação, porém as mais utilizadas são as eletromagnéticas (Raios X ou Raios gama) e os elétrons (disponíveis em aceleradores lineares de alta energia).
A radioterapia é sempre cuidadosamente planejada de modo a preservar o tecido saudável, o máximo possível. No entanto, sempre haverá tecido saudável afetado pelo tratamento, provocando possíveis efeitos colaterais. Embora as células normais também possam ser danificadas pela radioterapia, geralmente elas podem se reparar, o que não acontece com as células cancerígenas.
Existem vários tipos de radioterapia e cada um deles têm uma indicação específica dependendo do tipo de tumor e estadiamento da doença:
– radioterapia externa;
– radioterapia conformacional 3D;
– radioterapia de intensidade modulada (IMRT);
– radiocirurgia estereotáxica (Gamma Knife);
– braquiterapia.
Assim como a quimioterapia, a radioterapia pode ser utilizada como o tratamento principal do câncer, ou das formas adjuvante, neoadjuvante e paliativa.
Terapia Alvo
É um tipo de tratamento sistêmico baseado no uso de medicamentos alvo moleculares para atacar especificamente ou, ao menos, preferencialmente, determinados elementos encontrados na superfície ou no interior das células cancerosas.
Cada tipo de terapia alvo funciona de uma maneira diferente, mas todas alteram a forma como uma célula cancerígena cresce, se divide, se auto repara, ou como interage com outras células. Os medicamentos alvo moleculares podem ser utilizados de forma isolada ou em combinação com outras formas terapêuticas.
Imunoterapia
É um tratamento biológico cujo objetivo é potencializar o sistema imunológico, utilizando anticorpos produzidos pelo próprio paciente ou em laboratório. O sistema imunológico é responsável por combater infecções, além de outras doenças.
Atuando no bloqueio de determinados fatores, a imunoterapia provoca o aumento da resposta imune, estimulando a ação das células de defesa do organismo, fazendo que essas células reconheçam o tumor como um agente agressor.
Medicina personalizada
Conceito que visa tratar a saúde do paciente de maneira exclusiva, analisando cada caso individualmente, levando em conta informações individualizadas em relação à história e dados clínicos, genéticos (genes), genômicos (DNA) e ambientais do paciente.
A medicina personalizada considera cada paciente único e pode ser utilizada para entender a genética de uma pessoa e compreender a biologia do tumor. Com base nessas informações, os médicos esperam identificar estratégias de prevenção, rastreamento e tratamento mais eficazes e com menos efeitos colaterais do que seria esperado em tratamentos convencionais.
Transplante de medula óssea
A medula óssea é encontrada no interior dos ossos e contêm as células-tronco, responsáveis pela formação dos componentes do sangue: hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas. O transplante de medula óssea (TMO) é a coleta da medula óssea para o tratamento de alguns tipos de câncer, por exemplo, leucemias, linfomas e mieloma múltiplo. Após quimioterapia em altas doses, associada ou não à radioterapia, o paciente (receptor) recebe a medula óssea por meio de uma transfusão, proveniente do próprio paciente ou de um doador.
O transplante de medula óssea pode ser alogênico (quando a medula ou as células precursoras provêm de outro indivíduo, denominado doador) ou autólogo (quando a medula ou as células precursoras provêm do próprio indivíduo transplantado, ou seja, o doador e o receptor são a mesma pessoa).
É importante discutir com o médico todas as opções de tratamento, bem como sua eficácia e seus possíveis efeitos colaterais, para ajudar a tomar a decisão que melhor se adapte às necessidades de cada paciente.
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