O mês de maio ganhou a cor cinza para conscientizar sobre os tumores cerebrais. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), este tipo de câncer ocupa a décima posição entre os mais frequentes nas mulheres brasileiras e a décima primeira posição entre os homens.
Sabendo da importância de informarmos a todos sobre as neoplasias do cérebro e também sobre os tumores benignos, os quais também podem causar déficits neurológicos, entre outros problemas, conversamos com o neurocirurgião, Dr. Denildo Veríssimo. Acompanhe o post e saiba mais sobre esta doença.
1. Os tumores no cérebro mais comuns são relacionados às metástases? Se sim, neoplasias de quais órgãos costumam se disseminar para esta região?
Sim, os tumores cerebrais mais comuns são as metástases, secundárias de lesões primárias malignas em outros órgãos. Os mais frequentes são de tumores originários do pulmão, mama, pele (melanoma), renais e colorretais.
2. Tumores benignos cerebrais também merecem atenção? Se sim, por quê?
Sim. Mesmo tendo crescimento lento e baixa invasividade, os tumores intracranianos benignos também merecem atenção porque a sua presença em determinadas localizações pode causar compressões de estruturas adjacentes importantes, déficits neurológicos específicos e/ou crises convulsivas.
3. Existem fatores de risco conhecidos para a doença?
Os seguintes fatores são determinantes para a incidência dos tumores cerebrais:
– idade: embora possam surgir em qualquer idade, os tumores intracranianos são mais comuns em crianças e adultos de idade mais avançada;
– sexo: geralmente, são mais frequentes na população masculina, embora os meningiomas sejam mais comuns em mulheres;
– síndromes genéticas familiares: síndromes como Turcot, neurofibromatose, esclerose tuberosa, Li-Fraumeni e von Hippel-Lindau são fatores predisponentes a tumores intracranianos;
– radiação ionizante: exposição a radiações ionizantes, como o raio-x, por exemplo;
– infecções virais pelo Epstein-Barr são relacionados a maiores riscos de linfomas cerebrais.
Outros dados epidemiológicos correlacionam determinadas etnias a maiores incidências de tumores intracranianos. Além disso, pesquisas em andamento ou dados conflituosos põem em alerta exposição a fatores como campo eletromagnético de telefones celulares, solventes e pesticidas.
4. Para quais sintomas as pessoas devem estar atentas?
Os sintomas considerados de alerta para os tumores intracranianos são:
– dor de cabeça não convencional, principalmente localizada, persistente e que piora com o tempo;
– náuseas e vômitos piores pela manhã ou relacionadas à posição deitada;
– alterações do estado mental;
– deficiências neurológicas focais como perda da visão, paralisias, alterações da fala, perda da olfação, audição, entre outras;
– convulsões com início na idade adulta.
5. Quais os principais tipos de câncer cerebral e, dentre eles, quais os mais comuns?
Os principais tumores malignos originários do tecido cerebral são conhecidos como “gliomas” (dos precursores das células da glia, de suporte funcional e estrutural aos neurônios), principalmente os astrocitomas e oligodendrogliomas. Desses, os mais comuns são os astrocitomas de alto grau, conhecidos como “glioblastomas”, os quais, infelizmente, ainda possuem um prognóstico ruim na maioria dos casos.
6. Existem formas de prevenção?
Quando relacionado ao surgimento de tumores primários de outros órgãos que podem dar origem às metástases cerebrais, aspectos de estilo de vida como não fumar, alimentação saudável, prática de exercícios físicos e evitar exposição a agentes tóxicos são fatores que diminuem a probabilidade de surgimento de tumores malignos em geral.
Como os tumores cerebrais primários não estão relacionados diretamente ao estilo de vida, há poucos fatores evitáveis. Dentre eles, a exposição à radiação ionizante pode influenciar seu surgimento.
7. Como é feito o diagnóstico?
Após o aparecimento de sinais e sintomas de alarme, são solicitados exames de imagem do crânio como Tomografia Computadorizada e Ressonância Nuclear Magnética (sendo este o padrão ouro). Muitas vezes, a retirada de amostras de líquor ou biópsias das lesões podem ser necessárias para determinação diagnóstica e melhor planejamento terapêutico.
Com a popularização destes exames de imagem para outros fins, como trauma e investigação de demências, por exemplo, achados ocasionais de lesões tumorais têm sido cada vez mais frequentes.
8. Quais os tratamentos utilizados para este tipo de câncer?
Os tratamentos para os tumores intracranianos podem ser o acompanhamento clínico evolutivo, com exames de imagem seriados e observação de sintomas para lesões evidentemente benignas, pequenas e assintomáticas, por exemplo. Também há o tratamento clínico com corticoterapia para diminuir possíveis inchaços cerebrais, anticonvulsivantes e controle de outros sintomas específicos.
Muitas vezes, o tratamento cirúrgico está indicado, sempre após avaliação criteriosa de risco/benefício, seguido de tratamento adjuvante com quimioterapia, imunoterapia e/ou radioterapia.
Esperamos que o nosso conteúdo tenha sido útil para você. Que tal conscientizar quem você gosta sobre os tumores cerebrais? Compartilhe em suas redes sociais!