O câncer ósseo infantil é uma doença com características bem diferentes dos tumores dos ossos em adultos. Para começar, normalmente é decorrente de mutações espontâneas nas células e não de ações ambientais. Além disso, a evolução da neoplasia e as respostas aos tratamentos também podem variar muito.
Por isso, a oncologia pediátrica, que atende crianças e adolescentes até os 19 anos de idade, é uma especialidade independente. O tratamento desse tipo de câncer é um dos principais exemplos da importância dos cuidados multidisciplinares.
Vale frisar também que o câncer ósseo primário em adultos, o qual se origina no próprio osso, é menos comum do que na pediatria e mais visto em casos secundários, como metástases.
Para falar sobre a doença, a qual os pais e responsáveis devem estar atentos, conversamos com a oncologista pediátrica, Dra. Roberta Abreu de Figueiredo. Acompanhe o post e saiba mais sobre o assunto!
- Existem fatores de risco conhecidos para o câncer ósseo infantil?
Na maioria dos casos, não há um fator específico que predisponha as crianças e adolescentes ao câncer ósseo. Em algumas situações, há uma chance maior de desenvolvimento na presença de uma síndrome genética, principalmente a síndrome de Li-Fraumeni (sendo o segundo câncer mais comum nesta população), e em casos de retinoblastoma bilateral (pela associação com anomalias no gene RB1). Raramente, pode ocorrer como neoplasia secundária em pacientes previamente expostos à terapia com radiação ionizante.
- Para quais sintomas principalmente os pais devem ficar atentos?
A queixa mais comum nos pacientes é a dor, podendo estar ou não associada a tumorações de partes moles. Com o tempo, a doença tende a progredir de forma a interromper as atividades diárias. Quando ocorre metástase pulmonar, raramente há sintomas respiratórios, sendo, muitas vezes, um achado nos exames de estadiamento dos pacientes.
Outro sintoma que pode estar presente é uma febre prolongada sem foco e fratura óssea espontânea. É importante consultar um médico para determinar a causa de quaisquer sintomas ósseos.
- Quais os tipos de tumores ósseos mais atingem as crianças?
Primeiramente o Osteossarcoma, seguido de sarcoma de Ewing.
- Como é feito o tratamento?
O tratamento tem dois pilares principais: quimioterapia (multimodal sistêmica), tendo como objetivo a diminuição do volume do tumor e tratamento de doença metastática, e o tratamento local, através principalmente da abordagem cirúrgica.
O procedimento cirúrgico tem como objetivo principal a ressecção completa do tumor com margens cirúrgicas seguras. A escolha pela cirurgia depende de alguns fatores como localização do tumor, presença de metástases e comprometimento neurovascular.
Dependendo do avanço do tumor, pode ser necessária uma conduta mais radical, como amputação ou mesmo desarticulação. Da mesma forma, podem ser utilizados métodos cirúrgicos buscando a preservação do membro, com utilização de endopróteses ou de enxertia óssea. A resseção tumoral tem influência direta no prognóstico dos pacientes. Em casos onde a cirurgia de ressecção completa não é atingida, ou mesmo para um tratamento mais eficaz em combinação com a cirurgia, a radioterapia pode ser indicada.
- Se diagnosticados precocemente, quais as taxas de cura?
Pacientes com doença localizada têm sobrevida em torno de 70%. Em pacientes com doença metastática (quando o câncer se espalhou), a sobrevida é em torno de 30%. Infelizmente não há meios de prevenção e o diagnóstico precoce ainda é o meio mais eficaz de obter sucesso no tratamento. Por isso, é importante ficar atento aos sintomas e reclamações persistentes das crianças.
Agora que você já sabe mais sobre o câncer ósseo infantil, ficou com alguma dúvida sobre o assunto? Comente aqui!