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Novidades ASCO 2020 : Câncer do aparelho digestivo

01/06/2023

Centro de Oncologia do Paraná

No mês de maio, foi realizado o maior evento mundial de oncologia, o congresso da ASCO (Sociedade Americana de Oncologia Clínica). Anualmente, reúnem-se em Chicago (EUA) mais de 40 mil oncologistas de todo o mundo para apresentar e discutir os avanços no tratamento do câncer. Em razão da pandemia Covid-19, a última edição foi realizada de maneira virtual. O oncologista clínico Guilherme Stelko e o cirurgião oncológico Marciano Anghinoni, ambos do Centro de Oncologia do Paraná, participaram do congresso e trouxeram as novidades no tratamento dos tumores do aparelho digestivo. Confira!

Câncer de reto

O tratamento do câncer de reto, assim como outros tumores, tem um conceito multimodal, ou seja, pode agregar a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia em diferentes estratégias. No câncer de reto, três grandes estudos, o OPRA trial, o PRODIGE 23 e o RAPIDO trial, mostraram resultados interessantes com propostas de tratamento que testaram novos esquemas com radioterapia e quimioterapia com períodos mais prolongados antes da cirurgia. Esse tratamento é chamado de neoadjuvância.

Tradicionalmente, a quimioterapia é realizada após a cirurgia, e esses estudos apontam para uma tendência em se realizar a quimioterapia antes da cirurgia e se postergar o momento da cirurgia para uma melhor eficácia com o tratamento neoadjuvante. No câncer de reto, além de se buscar maior sobrevida, busca-se também o benefício funcional, no que se refere a evitar a amputação do ânus com uma colostomia definitiva. Nesse sentido, o estudo OPRA trial, comparou dois esquemas de neoadjuvância total, ou seja, com o tratamento radioterápico e todo o tratamento quimioterápico antes da cirurgia.

Os resultados favoreceram um esquema com radioquimioterapia inicial seguido de mais um período de quimioterapia. Esse estudo abriu novas perspectivas de tratamento sem necessidade de cirurgia radical para alguns pacientes com câncer de reto, podendo evitar uma cirurgia radical com colostomia definitiva em pacientes com tumores próximo ao ânus.

Câncer de pâncreas

O tratamento do câncer de pâncreas ainda é um desafio, pois esse tipo de tumor é associado à uma curta sobrevida, a despeito dos melhores tratamentos realizados mesmo nos estágios iniciais. Novos estudos focam na tentativa de aumentar o tempo de sobrevida desses pacientes. Nesse sentido, um dos estudos apresentados na ASCO, chamado ESPAC-5F, revelou maior tempo de sobrevida quando a quimioterapia foi realizada com combinação de medicamentos já conhecidos e foi administrada antes da cirurgia. Outro trabalho apresentado, o SWOG S1505, também validou a tendência promissora de se administrar esquemas de quimioterapia antes da cirurgia.

Câncer de estômago e esôfago

A imunoterapia no tratamento do câncer de estômago após falha na primeira linha de quimioterapia foi avaliada pelo estudo Keynote-061. Em pacientes que expressavam PDL1, a imunoterapia aumentou a sobreviva mediana com menos efeitos colaterais que a quimioterapia tradicional. Especialmente nos pacientes com mais alta expressão PDL1, a chance de resposta importante mais do que dobrou com a imunoterapia e de forma sustentada por longo prazo. Isso é definidamente um cenário de esperança para essa parcela de pacientes.

Outro estudo interessante apresentado é o estudo PETRARCA para pacientes com câncer de esôfago e junção esôfago-gástrica que expressam a molécula HER2 e foram tratados com quimioterapia antes e após a cirurgia. Avaliou-se a adição dos medicamentos Pertuzumabe e Trastuzumabe à quimioterapia e foi demonstrado que havia o desaparecimento completo na análise microscópica em 35% dos pacientes com essa combinação antes da cirurgia. Isso é mais que o detectado apenas com a quimioterapia, quando ocorre em 12% dos casos.

Câncer de fígado

Também há uma novidade que traz grandes expectativas no tratamento de câncer de fígado (hepatocarcinoma). O estudo de combinação de dois imunoterápicos como primeiro tratamento da doença não operável demonstrou o triplo de taxa de resposta (redução importante) e melhor sobreviva do que com os agentes isolados. Isso está sendo avaliado em um estudo maior, HIMALAYA, que poderá confirmar e, então, decretar a mudança de tratamento no dia a dia do consultório.

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