Fevereiro é o mês de alerta sobre a leucemia, doença maligna que atinge os glóbulos brancos do sangue. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, para cada ano do biênio 2018/2019, sejam diagnosticados no Brasil 5.940 casos novos da doença em homens e 4.860 em mulheres, o que equivale a mais de 10 mil casos entre ambos os sexos. É importante frisar que as maiores taxas da doença se concentram no Sul, Sudeste e no estado do Tocantins.
Para que a leucemia seja diagnosticada em fase inicial é fundamental que a população conheça os tipos, os sintomas aos quais é preciso ficar atento e os exames que devem ser feitos para o diagnóstico da doença.
Confira abaixo o artigo, que contou com a participação da onco-hematologista do Centro de Oncologia do Paraná, Dra. Caroline Cunha Bernardi, e saiba mais sobre essa doença que, se descoberta em estágio inicial, tem altas chances de cura.
Tipos de leucemia
Apesar de ser um tipo de câncer bastante conhecido entre a população, é comum que haja dúvidas sobre a origem da doença e como o organismo é acometido. Como citamos, a leucemia é um câncer que afeta as células do sangue. A principal característica é o acúmulo de células doentes na medula óssea, onde são fabricadas as células sanguíneas.
Existem vários subtipos de leucemia, que são definidos de acordo com a origem das células (linfóide ou mielóide) e tempo de evolução (crônica e aguda). Daremos ênfase aos subtipos agudos. Confira quais são eles:
Leucemia Mielóide aguda
A leucemia mielóide aguda (LMA) é um dos tipos mais comuns de leucemia em adultos. Ainda assim, de forma geral, é bastante rara, representando cerca de 1% de todos os cânceres. A característica “aguda” se refere à rapidez com que esse tipo da doença se desenvolve. E mielóide é porque as células infectadas são de origem mielóide.
“Esse subtipo afeta principalmente adultos mais velhos, sendo rara antes dos 45 anos. A idade média de um paciente com leucemia mielóide aguda é de 68 anos, mas também pode ocorrer em crianças. A LMA é ligeiramente mais comum entre homens do que entre as mulheres, mas o risco médio durante a vida em ambos os sexos é de aproximadamente 1%”, comenta a Dra. Caroline.
Leucemia Linfóide aguda
“O risco de desenvolver leucemia linfóide aguda é maior em crianças até 5 anos. Após essa idade, o risco declina lentamente até a faixa dos 20 anos, começando a aumentar lentamente após os 50 anos. Cerca de 40% dos casos de leucemia linfóide aguda acontecem em adultos” afirma a médica.
Principais sintomas das leucemias
“Os sintomas que as pessoas devem ficar atentas em relação ao desenvolvimento da leucemia são palidez, febre, cansaço, fraqueza, aparecimento de manchas roxas, hematomas ou sangramentos, tonturas, infecções graves ou frequentes. Outros sinais comuns são perda de peso, suor noturno excessivo, perda de apetite, aparecimento de linfonodos (gânglios) e dores ósseas”, esclarece a Dra. Caroline.
Segundo a especialista, quando se trata das crianças, que também são afetadas pela doença, os pais devem ter atenção aos mesmos sintomas citados acima, principalmente fraqueza e cansaço excessivo, febre, palidez e aparecimento de hematomas ou sangramentos.
Se algum dos sintomas começar a ocorrer de forma frequente é indicado procurar um médico de confiança. Mesmo que não se trate de um câncer, é sinal de que algo não vai bem no organismo e, por isso, deve ser avaliado.
Diagnóstico da leucemia
Para fazer o diagnóstico da leucemia, o primeiro exame a ser realizado é o hemograma que pode apresentar as seguintes alterações: anemia, aumento ou diminuição na contagem leucócitos, contagem de plaquetas baixas e presença das células características das leucemias conhecidas como blastos.
“O diagnóstico é confirmado por meio da realização do exame de medula óssea (biópsia e aspirado de medula que incluem imunofenotipagem, citogenética e mielograma). Esse exame é realizado pelo médico hematologista”, explica a Dra. Caroline.
Fatores de risco
Na maior parte das vezes, os pacientes que desenvolvem leucemia não apresentam nenhum fator de risco conhecido que possa ser modificado. Por isso, a maioria dos casos não podem ser evitados. No entanto, o tabagismo se correlaciona com aumento do risco de leucemia mielóide aguda e esse é um fator que pode ser modificado. É fundamental que todos os indivíduos realizem checkups periódicos conforme indicado pelos especialistas
Tratamento
O tratamento das leucemias é feito com protocolos de quimioterapia. Esses protocolos são diferentes para adultos e crianças e também de acordo com o tipo de leucemia (linfóide ou mielóide). E há casos onde também é necessário um transplante de medula óssea.
“Atualmente existem novas drogas (anticorpos monoclonais, quimioterápicos, CART cell) já em uso e em protocolos de pesquisa com melhora significativa nas taxas de resposta e de cura. Entre as principais novas drogas estão: Blinatumumabe, Inotuzumabe, venetoclax, gilteritinibe”, finaliza a Dra. Carolina Cunha Bernardi.